sábado, 24 de setembro de 2011

Mais de 90% dos ministérios têm Twitter ou Facebook, mas poucos falam com o internauta.



Consultores de mídias sociais dizem que órgãos devem interagir e prestar serviços

O governo está em peso nas redes sociais. Praticamente todos os ministérios (91%), com exceção de dois, têm perfil em ao menos uma rede social: Facebook, Orkut ou Twitter. Estão fora apenas as pastas da Integração Nacional e dos Transportes.

A Presidência mantém o Blog do Planalto, que divulga informações via Twitter. Órgãos reguladores, como TCU (Tribunal de Contas da União) e CGU (Controladoria-Geral da União) também marcam presença.

O Twitter, que permite trocar mensagens curtas (até 140 caracteres), é a ferramenta preferida do Executivo. De 24 ministérios, 22 possuem conta na rede. O uso, no entanto, é irregular. Há quem escreva ocasionalmente ou publique apenas links do próprio site, além da agenda do ministro. São poucos os que aproveitam o espaço para interagir com a população, respondendo a dúvidas, elogios e críticas. Exemplos são as pastas da Saúde e Cidades, duas das mais ativas na rede.

Já no Facebook, que tem mais recursos disponíveis, alguns dos ministérios criam páginas de campanhas, divulgam materiais em áudio, vídeo, imagens e texto. O Orkut foi esquecido por boa parte dos órgãos.

A prioridade da maioria das instituições do Executivo ainda é usar a rede para divulgar suas próprias ações - e de suas autoridades. Mas especialistas ouvidos pelo R7 dizem que o ideal é apostar na transparência e na prestação de serviços.

Caio Túlio Costa, professor, doutor em ciências da comunicação e consultor de novas mídias, diz que os órgãos públicos devem usar os meios digitais para prestar contas ao cidadão. E ainda facilitar o acesso a serviços por meio da rede.

- Uma das ações mais eficientes que o governo tem [na internet] é a arrecadação de impostos. Ele recolhe, mas não conversa [com o contribuinte]. Ele tinha que transportar essa eficiência para o atendimento ao cidadão que paga os impostos.

A prestação de contas está ligada à ideia de transparência de gestão. Para Costa, o governo deveria usar a rede para compartilhar informações de modo quantitativo e qualitativo. Os dados podem ser colocados à exaustão (não há limite de espaço), mas devem ser apresentados de forma didática.

Interação
Todo órgão público deve estar nas redes sociais? Pollyana Ferrari, professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e consultora de mídias sociais, avalia que não. Mas, segundo ela, quem entra precisa aproveitá-las bem.

- É preciso estar preparado para responder [aos internautas], já que a demanda costuma ser muito grande. As redes não são como um site estático. Elas são alimentadas 24h, sete dias por semana.

Pollyana lembra que ninguém pode ficar sem resposta no Twitter, Facebook ou no Orkut. Caso contrário, a instituição corre o risco de ficar com a imagem arranhada. 

- Se a pessoa não tem resposta, ela desiste do contato, mas antes reclama publicamente e repercute a falta de atenção.

Na página do Facebook do Ministério da Pesca e Aquicultura, por exemplo, alguns internautas reclamam da falta de respostas às suas reclamações. A assessoria de imprensa da pasta diz que há uma única pessoa responsável por isso e que a média de espera por uma resposta é de três horas.

O Blog do Planalto, canal de informação da Presidência da República, lançado em 2009 e mantido no atual governo, não permite comentários de leitores. Isso apesar de, em sua apresentação, dizer ser um passo para estabelecer “um diálogo cada vez mais próximo e informal entre governo e sociedade”.

Também não adianta entrar no Twitter e não seguir ninguém, alerta Daniela Osvald, pesquisadora em comunicação digital e professora da Cásper Líbero.

- Isso mostra que o órgão não se importa com quem o segue. A comunicação se reduz ao mais do mesmo - a divulgação de links. Mas a lógica de redes é outra: é a interação. Uma instituição pública não vive de publicidade, não tem por que ficar só se promovendo na web.

Apesar de responder a dúvidas de internautas, o Ministério da Previdência tinha, na última sexta-feira (16), mais de 17 mil seguidores. Mas seguia apenas 12 – em geral perfis de outros órgãos e de autoridades, como o próprio ministro, Garibaldi Alves Filho.

Crédito:
R7

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