sábado, 17 de setembro de 2011

Novo escândalo atinge Berlusconi; crise italiana se agrava

 


Berlusconi durante entrevista em Roma,
no último dia 30 de junho (Foto: Alberto Pizzoli/AFP)

Premiê teria aconselhado consultor a ficar fora do país durante investigação.
Novas acusações se somam ao caos gerado pela crise financeira.

O primeiro-ministro Silvio Berlusconi enfrenta nesta sexta-feira (9) novas acusações relacionadas a um escândalo de prostituição, fato que resulta em mais uma distração política num momento em que a Itália luta para evitar uma crise financeira que pode destroçar a zona do euro.

Berlusconi teria aconselhado Valter Lavitola, um obscuro consultor agora procurado pela polícia, a permanecer fora da Itália durante uma investigação sobre uma suposta tentativa de extorsão do premiê, na qual Lavitola supostamente esteve envolvido.

Niccolò Ghedini, advogado de Berlusconi, disse em nota que a acusação, baseada em um telefonema interceptado pela polícia e divulgada pela revista 'L'Espresso', é "absurda e infundada".
A notícia foi estampada nas capas dos principais jornais italianos nesta sexta-feira, e motivou a oposição a novamente pedir a renúncia de Berlusconi.

"Este telefonema é a cereja no bolo", disse Enrico Letta, dirigente do Partido Democrático, ao jornal 'La Repubblica'. "O primeiro-ministro não está comandando o país, que na verdade não tem líder."
Juízes de Nápoles ordenaram a prisão de Lavitola, mas acredita-se que ele esteja fora da Itália. Berlusconi deve ser interrogado na semana que vem no tribunal, como testemunha no caso.

As novas acusações se somam ao caos que cerca os esforços do governo centro-direitista para controlar uma crise financeira que deixou a Itália na dependência do apoio do Banco Central Europeu para continuar financiando sua dívida pública de 1,9 trilhão de euros.

Após intensa pressão do BCE, o governo submeteu ao Parlamento um plano de austeridade no valor de 54 bilhões de euros, com a intenção de equilibrar o orçamento até 2013. Entre as medidas previstas estão um aumento no imposto sobre valor agregado (IVA), mudanças nas regras previdenciárias e cortes nos gastos governamentais.

O pacote causou profundas divergências entre as várias facções do governo e já foi alterado várias vezes nas últimas semanas, para desgosto dos parceiros europeus da Itália.
O país, terceira maior economia da zona do euro, balança há dois meses à beira de um precipício financeiro, já que os mercados pulverizaram o valor dos seus títulos públicos e levaram os custos do crédito a níveis impraticáveis.

Foi necessária uma intervenção do BCE, comprando títulos italianos no mercado, para manter os ágios em níveis com os quais Roma pode arcar, evitando uma quebra que arrastaria toda a zona do euro para uma crise potencialmente fatal.

Na noite de quinta-feira, o presidente do Banco da Itália, Mario Draghi, que assume a presidência do BCE em novembro, se reuniu com Berlusconi para discutir as novas medidas, exigidas no mês passado pela instituição europeia em troca do seu apoio.

O pacote de austeridade vai a debate na Câmara na segunda-feira, e deve ser votado durante a semana.

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