sábado, 3 de dezembro de 2011

O uso de expressões em inglês esbarra no exagero.



RIO - Fazer o assessment dos candidatos. Checar os gaps para direcionar a gestão. Avaliar o input e o output para o planejamento. Planejar as atividades outdoors. E definir o core business da start-up para medir o know how sobre a atividade. Essas foram algumas das 18 expressões em inglês usadas pelo presidente da empresa de consultoria doers, Marcelo Santos, especializado em gestão de capital humano, durante uma conversa que tivemos por meia hora no mês passado. O mais curioso é que quando o procurei na terça-passada para fazer essa reportagem, Marcelo contou que não notara o emprego de tantos termos estrangeiros em seu discurso.

- Eu não percebi uma palavra sequer. Já faz parte da minha linguagem natural - disse o executivo, surpreso.

Mas será que a incorporação de expressões em inglês no dia a dia do trabalho não esbarra no exagero? Afinal, a atitude é comum não apenas para quem trabalha em RH, mas em diversos outros setores, como TI, marketing e mercado financeiro.

Santos atribui tamanha influência do inglês a dois fatores: sua experiência de 25 anos em empresas multinacionais e à importação de estratégias de recursos humanos dos Estados Unidos.

- Para mim, é um processo normal falar em inglês, não o faço para impressionar. Mas realmente é preciso tomar cuidado para não parecer pedante - reconhece.

No mercado financeiro, a utilização de jargões em inglês é tão frequente que o assunto de uma conversa pode ser totalmente incompreendido por um leigo na área. Advisory, tailor made, rating, business plan, wealth management, IPO (initial public offering) são apenas alguns exemplos das palavras que fazem parte do vocabulário diário de Flavia Bendelá, diretora de Estratégias de Negócios e Produto da Local Invest.
- Existem termos que realmente não têm uma substituição em português, então não tenho como não usá-los - diz Flavia.

Como a Local Invest lida com pequenas e médias empresas, a executiva se diz consciente da necessidade de adequar seu discurso ao interlocutor.

- Não posso chegar e falar com um microempreendendor da mesma forma que falaria com um executivo do mercado de capitais. Quero que meu... prospect me entenda - afirmou Flavia, deixando escapar sua versão para cliente em potencial.

Mas será que o tal cliente sabe que é um prospect?
- Ter certeza que o grupo que está te ouvindo te compreende é fundamental - opina o vice-presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Recursos Humanos (ABRH-RJ), Paulo Sardinha.

Crédito:
O GLOBO

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